sábado, 10 de dezembro de 2011

Texto complementar: O Rio de Janeiro na época de dom João


Com a chegada da família real portuguesa e seus 15 000 acompanhantes, a vida no Rio de Janeiro sofreu grandes mudanças. É o que nos relata o texto que segue.


            Nessa época, a cidade oferecia poucas distrações: as famílias ricas iam a espetáculos, embora fossem de má qualidade, freqüentavam bailes familiares e os homens, reuniões de jogo. Praticamente não existia a vida noturna por causa da falta de iluminação.           Nas procissões e nas festas religiosas, toda a população da cidade tomava parte.
            Quando foi inaugurado o Passeio Público, algumas famílias logo o transformaram em ponto de encontro entre parentes e conhecidos que lá se reuniam à tardinha para contar os fatos do dia e as últimas notícias.
            Esse tipo de vida calma e aparentemente sem preocupações foi de um dia para o outro revolucionado pela chegada da família real portuguesa e toda a sua corte. Para atender às exigências, foram logo construí das novas casas e reformadas as existentes. Os balcões fechados com madeira trançada, as rótulas, começaram a ser substituídos por janelas com vidraças. Começaram a aparecer também residências isoladas, longe do centro, em meio a jardins, com muitas árvores e gramados.
            Seguiu-se toda uma série de modificações introduzidas pelos comerciantes vindos sobretudo da Inglaterra e da França, após a abertura dos portos. No centro da cidade, na rua do Ouvidor, instalaram-se inúmeras lojas cheias de artigos europeus e orientais, dos mais finos. Surgiram livrarias, perfumarias, tabacarias, lojas de calçados, oficinas de costureiras e de modistas, salões de barbeiros e cabeleireiros. Tudo isso foi modificando, aos poucos, gostos, hábitos e costumes da população, introduzindo na cidade noções de conforto desconhecidas até então.
            Para assegurar o progresso material foi necessário um número maior de pedreiros, carpinteiros, ferreiros, de pessoas, em suma, especializadas em vários ofícios; daí foi surgindo aos poucos uma nova camada social, a pequena classe média, intermediária entre os escravos e os ricos e nobre.
            As famílias de posses começaram a dar maior importância ao interior das casas, às peças de mobiliário, à decoração dos cômodos e, o que é importante, também aos trajes cotidianos e caseiros. Guarda-roupas e cômodas ocuparam os lugares tomados antes por arcas e baús.
            Consoles, pianos, poltronas, sofás, lustres, grandes espelhos foram importados de Londres e de Paris; na mesa tornou-se usual a louça inglesa e nas residências mais ricas adotaram-se banheiras em substituição às tinas para banho.
            A presença da corte portuguesa no Rio de Janeiro ofereceu à população oportunidades várias de divertir-se: festas, comemorações cívicas, procissões, desfiles, espetáculos teatrais mais freqüentes, concertos. A mulher pôde sair de seu isolamento, de seu mundo restrito a tarefas domésticas; nas residências particulares havia saraus, com recitais de piano e canto, danças e jogos; os parentes e vizinhos começaram a visitar-se com mais freqüência.
            A cadeirinha foi proibida de ser usada no centro da cidade para facilitar a passagem de veículos. Nas ruas, além dos coches e das seges, começaram a circular carruagens puxadas por cavalos. A cidade foi se tornando, assim, mais colorida, mais alegre e mais comunicativa.
            Com o aprimoramento do gosto, dos hábitos e dos costumes houve também um aprimoramento cultural, através de novas escolas elementares, médias e superiores abertas não só no Rio como também em outras capitais de província. A imprensa difundiu-se e os livros começaram a circular fazendo crescer o interesse pela cultura e pelos estudos.
            Daí por diante, os filhos de senhores de engenho, dos fazendeiros e dos estancieiros vieram educar-se nos centros urbanos e, aos poucos, as capitais das províncias se modificaram sob a influência das transformações do Rio de Janeiro. Mas o Rio, como capital do Império, será o pólo de atração dos grandes proprietários de terras que, após a independência, ocuparão os cargos políticos de maior projeção.
                                                                                 
                                                           Sérgio Buarque de Holanda, História do Brasil.
                                                           São Paulo, Nacional, v.1, p.148-50

Questões sobre o texto.

[ 1 ] Como era a vida no Rio de Janeiro antes da chegada de dom João?
[ 2 ] Que modificações foram feitas na cidade a partir da chegada da família real portuguesa?
[ 3 ] Por que surgiu aos poucos uma pequena classe média?
[ 4 ] O que começaram a fazer as famílias de posses?
[ 5 ] Que novas oportunidades de diversão surgiram para a população?
[ 6 ] Em termos culturais, quais as conseqüências da transferência da família real para o Rio Janeiro?

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Texto complementar: O Absolutismo

A palavra absolutismo descreve os governos monárquicos nos quais o poder do __________, por não sofrer grandes limitações ou restrições, é considerado _________________ . Atualmente, essa palavra é utilizada em referência a sistemas de governos que existiram na ________________ entre os séculos XVI e XIX, sobretudo na França e na Inglaterra. Além da concentração de poderes nas mãos do governante, os governos absolutistas foram caracterizados pela existência de uma burocracia e de um exército centralizados. Os mais famosos governos absolutistas foram o de _____________________ na Inglaterra (1509-1547) e o de __________________ na França (1643-1715).
No final da Idade Média, com a expansão do comércio e o crescimento das cidades européias, cada vez mais os monarcas assumiram papel de destaque. Pouco a pouco, o rei deixou de ser apenas mais um entre tantos senhores feudais e passou a centralizar o poder em torno de si, cuidando dos impostos e mantendo um ___________________ encarregado de garantir a segurança da população.
Alguns autores, a partir do século XVI, escreveram algumas obras com teores políticos que ajudaram a fortalecer e justificar o poder dos reis. O primeiro autor moderno a escrever uma obra exclusivamente sobre política foi Nicolau Maquiavel, que o publicou o __________________ em 1513. Segundo Maquiavel o governante “não precisa ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso, bastando que aparente possuir tais qualidades. [...] Um príncipe não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião [...]. o príncipe não deve se desviar do bem, se possível, mas deve estar pronto para fazer o mal, se necessário”. Na França, os inúmeros conflitos religiosos envolvendo católicos e protestantes podem ter influenciado Jean Bodin, no século XVI, e Jacques Bossuet, no século XVII, a afirmar que o poder do rei deveria ser ____________________. Segundo esses autores, os monarcas seriam representantes de Deus na Terra. Esse conjunto de idéias ficou conhecido como Teoria do ________________ Divino.
Hoje sabemos que o poder dos reis absolutistas na era, de fato, absoluto. Apesar de centralizado e forte, o poder absolutista era limitado pela tradição, pelos costumes, pela Igreja Católica, pelos privilégios da nobreza e por ___________________, que tem a função de fazer as leis e aprovar os atos do governo. 


Aqui vai uma pequena “ colinha ” para ajudar você preencher as lacunas do textoRei; povo; Príncipe; direito; Henrique VIII; exército; castelo; Europa; ilimitado; parlamentos; Luis XIV; limitado; absoluto; burguesia; contrato; Lutero; Brasil; Vasco da Gama; Elizabeth I; João Calvino; República.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Texto complementar: Os Bandeirantes

Você vai ler dois textos de historiadores que apresentam interpretações diferentes sobre os bandeirantes. Leia e depois responda às questões.

         Tão notável se fez a obra dos bandeirantes paulistas que, sem ela, não só o Brasil não seria tão grande em território como a nossa própria história não se teria orientado como se orientou.
(...)
         Os primeiros bandeirantes, portanto, não há dúvidas de que deram provas de grande coragem. E deve notar-se que em regra as bandeiras se compunham de mamelucos e índios mansos. Raramente iam a tais aventuras portugeses reinós. E, pois, aquela casta nova, formada de sangues tão diferentes, se mostrou capaz de grandes façanhas. Conserva-se em nossas tradições uma idéia do tipo do bandeirante: largo chapéu de palha desabado para trás, um ponche às costas e um saco de roupas, a tiracolo o chumbeiro e o polvarinho, ao ombro a espingarda, à cinta o facão; quase sempre barbas e cabelos crescidos: eis a figura daqueles novos cruzados.

POMBO, Rocha. História de São Paulo – Resumo didático. São Paulo Melhoramentos, 1918, p. 71-72, 74-76.
___//___//___

         (...) A historiografia do bandeirismo se apropriou desse elemento [o mestiço], apresentando-o com cores novas: não mais como resultado de ligações ilegítimas, não mais como o fruto da deterioração dos costumes, como era apresentado na denúncia dos padres e bispos do período colonial, mas como um homem novo, nem europeu nem índio e sim a mistura de ambos (o mameluco). Este é pinçado da categoria da escória da sociedade, onde jazia até então, e alçado à condição de herói.
(...)
Ao resgatar o mameluco e transformá-lo num ser de características excepcionais, membro da “raça de gigantes”, a historiografia do bandeirantismo resgata grande parte da população brasileira, composta de vários tipos de mestiços. Além disso, resolvia um impasse que havia atormentado a intelectualidade brasileira do século XIX, que era: como tornar desenvolvido um país povoado por mestiços e que havia sido colonizado por degredados? A miscigenação era transformada de entrave em vantagem. 

VOLPATO, Luiza. Entradas e bandeiras. São Paulo: Global, 1985, p. 17-19 (História popular, II.)

I. Quando os textos foram escritos?
II. Como o autor apresenta os bandeirantes? Que adjetivos e qualificações são atribuídos a eles? Com quem eles são comparados?
III. Qual a origem do heroísmo dos bandeirantes, segundo o autor? Você concorda com esta tese? Por quê
IV. No segundo texto, a autora defende que, a partir do século XIX, a miscigenação, que era antes considerada um entrave, passou a ser uma “vantagem”. Como isso se apresenta?
V. A quem interessava a mudança na interpretação da história brasileira, ao se referir à figura do bandeirante como herói nacional?



Vocabulário:
Reinos: provenientes do reino, ou que defendem os interesses reais.
Chumbeiro e polvarinho: lugares onde se colocavam, respectivamente, o chumbo e a pólvora usados nas armas de fogo.
Degredados: condenados europeus que vinham cumprir pena como colonos na América. 

sábado, 3 de dezembro de 2011

Texto complementar: O ciclo do ouro

A época do ouro
         Com a descoberta de metais preciosos pelos bandeirantes, iniciou-se no Brasil um novo ciclo econômico: a mineração ou ciclo do ouro, que no século XVIII provocou grandes mudanças na colônia e na política da metrópole.
A exploração do ouro ocorria de duas formas:
· Faisqueiras: pequenas extrações realizadas por uma pessoa apenas ou com um pequeno número de escravos. O ouro era extraído de depósitos superficiais, geralmente nas areias ou nos cascalhos dos rios e riachos. Era o ouro de lavagem.
· Lavras: estabelecimentos maiores onde era usado grande número de escravos. O ouro era extraído das vertentes das colinas, com instrumentos especializados.

O rigor da metrópole

         Para tirar maior proveito da exploração do ouro, a metrópole portuguesa agiu com bastante rigor não só na fiscalização, como também na cobrança dos impostos. Criou um órgão, a Intendência das Minas, para fiscalizar a administração, a distribuição das jazidas e a cobrança dos impostos.

O quinto para a Coroa.

          Portugal cobrava 20% de todo o ouro explorado; era o imposto do quinto. Para evitar -. fraudes e melhor fiscalizar a cobrança desse imposto, Portugal, em 1719, ordenou que fossem instaladas as Casas de Fundição. Os mineradores deveriam levar o ouro para uma Casa de Fundição, onde ele seria fundido em barras e já retirada a parte da Coroa. Era proibida a circulação de ouro em pó ou em pepitas. Quem não cumprisse esse regulamento , poderia ser preso, perder todos os seus bens ou ser degredado.

A descoberta dos diamantes

         Em 1729, foram descobertos diamantes no Arraial do Tijuco (atual Diamantina, em Minas Gerais). A região foi demarcada e isolada, criando-se o Distrito Diamantino.
         A exploração dos diamantes foi dada a homens de posse, que eram obrigados a pagar uma quantia anual fixa a Portugal. Mais tarde, a exploração dos diamantes ficou sob o controle direto da metrópole.

Aumentam os impostos

         Em meados do século XVIII, a mineração atingiu seu apogeu. O imposto do quinto foi fixado em 100 arrobas de ouro por ano, o que equivalia a 1.500 quilos.
         Enquanto a mineração manteve uma alta produção, os impostos eram pagos regularmente. Entretanto, no final do século, a mineração começou a declinar, não pelo esgotamento das jazidas, mas pelas dificuldades técnicas que os mineiros tinham para explorar o ouro de maior profundidade.
         Como a quantidade de ouro explorada era -. menor, os mineradores não conseguiam pagar as cotas estabelecidas. Portugal criou, então, a derrama, que era a cobrança dos impostos atrasados. Essa medida portuguesa provocou um profundo descontentamento, gerando várias revoltas, dentre as quais se destaca a Inconfidência Mineira.




Com base no texto, responda:

I – Quais eram as 2 formas de extração de ouro no Brasil, no século XVIII?

II – A metrópole portuguesa agiu com bastante rigor não só na fiscalização, como também na ___________ _________________. Criou um órgão, a ______________________________, para fiscalizar a administração, a distribuição das jazidas e a __________________________________ .

III – Como se chamava o imposto de 20% de todo o ouro explorado, cobrado por Portugal?

IV – Como ocorria a fiscalização da cobrança dos impostos sobre o ouro?

V – Coloque F para Falso e V para verdadeiro:
a) Além de ouro, também se descobriram jazidas de diamantes no Brasil. (    )
b) A exploração de diamantes foi permitida a toda a população, inclusive escravos.(    )
c) Quando a mineração no Brasil atingiu seu apogeu, o imposto do quinto foi fixado em 1.500 arrobas de ouro por ano. (    )
d) Quando a mineração começou a entrar em crise, muitos colonos ficaram devendo impostos ao governo português. (    )
e) A descoberta de metais preciosos não provou nenhuma mudança na colônia e na política da metrópole.

VI – Para a cobrança de impostos atrasados, Portugal criou a ______________. Essa medida provocou profundo ____________________, gerando várias ________________ , dentre as quais destaca a ____________________.

Texto complementar: A Inconfidência Mineira


As condições internas e externas que levaram à inconfidência Mineira, o primeiro movimento que manifestou com clareza suas intenções de romper os laços coloniais, constituem o assunto do texto que segue.

            Dentre todos os motins, conspirações, revoltas e rebeliões ocorridos no Brasil Colônia, o primeiro a realmente manifestar com clareza suas intenções de romper com os laços coloniais ocorreu em Vila Rica, Minas Gerais, entre 1788 e 1789. Ao contrário de movimentos anteriores, que muitas vezes não passaram de reivindicações parciais, a chamada Inconfidência Mineira pretendia, sobretudo, a Independência do Brasil em relação a Portugal.
            No final do século XVIII, a Capitania de Minas Gerais, a mais rica do Brasil, sentia duramente as restrições e a violência da situação colonial. Durante muitas décadas, o ouro brasileiro havia chegado em grandes quantidades aos cofres portugueses, mas agora este fluxo começava a diminuir. O "quinto", a velha taxação que obrigava os mineradores a entregarem 1/5 de todo o metal extraído para Portugal, já não bastava para satisfazer necessidades da Coroa, e os portugueses queriam mais. Ao mesmo tempo, uma série de restrições econômicas paralisava a vida da Colônia, obrigando-a a viver sem indústrias e a importar tudo o que consumia. O domínio colonial português estrangulava o dia-a-dia dos brasileiros.
No plano internacional, mudanças importantes estavam ocorrendo, novas idéias aplicadas na prática demonstravam que era possível a libertação da dominação colonial, e nas colônias da América muita gente sonhava extirpar de sua terra a violência, a opressão, a injustiça foi nesse contexto que um grupo de brasileiros - quase todos muito ricos e membros da elite de Minas Gerais - planejou um movimento capaz de transformar Brasil na primeira república independente da América do Sul.
            Um personagem vai se destacar ao longo dessa história: o alferes Joaquim José da Silva Xavier, chamado de Tiradentes, que acabaria sendo não só o mais destacado personagem da Inconfidência Mineira, como também um dos mais significativos da História do Brasil.

(Carlos Guilherme Mola. Tiradenfes e a Inconfidência Mineira. São Paulo, Ática, p. 2.)

Questões sobre o texto:
1] O que pretendia a inconfidência Mineira? 
2] Cite as principais condições internas que provocaram a revolta mineira.
3] Por que o contexto internacional favoreceu a inconfidência?