quarta-feira, 13 de maio de 2020

Texto complementar: Maria Quitéria


O emissário saiu desanimado daquela fazenda. “O senhor veio em má hora” – respondia o proprietário. “Não posso dar nada à Independência do Brasil.”
         Sua filha, que ouvira tudo, esperou baixar o silêncio naquele oco de mundo. Tosou rente os cabelos, pulou a janela e foi até a casa da irmã emprestar as roupas do cunhado. Depois, cavalgou 80 km até Cachoeira, onde se organizava o exército de libertação. Deu o nome de Medeiros – e no dia seguinte já estava de guarda. O serviço era pesado, e Medeiros mudou para o Regimento dos Periquitos, golas e punhos verdes, no qual lutou um ano inteiro.
         Por que fizera aquilo? Maria Quitéria de Jesus era uma sertaneja de 30 anos, requeimada de sol, pômulos salientes. Analfabeta, não entendia nada de política. Mas, como milhares de homens e mulheres naquele ano, tomara-a um irresistível sentimento anticolonialista. Medeiros – ou Maria – matou e feriu por causa justa. Foi promovida a cadete e, quando lhe descobriram a identidade, começou a usar saiote, sobre as calças. Dia 2 julho entrou em Salvador na primeira fila dos vencedores.
         Pedro convidou-a para ir ao Rio, receber medalha de ouro. Para não fazer feio, diante de gente fina, aprendeu a garatujar o nome durante a viagem. “Quer algum pedido, d. Maria?”, perguntou Pedro. “Quero. Escreva ao meu pai pedindo para me perdoar porque fugi de casa naquela noite.” A noite que cavalgou 80 km pela Independência do Brasil.
                                     Joel Rufino dos Santos. História do Brasil. São Paulo, Marco Editorial, 1979.

Questões sobre o texto 
1] Como Maria Quitéria se disfarçou para poder integrar o exército de libertação?
2] Por que Maria Quitéria participou da luta pela Independência?
3] Que pedido Maria Quitéria fez ao imperador?

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Texto complementar: Liberalismo


Vejamos [...] os princípios liberais. Para estes, a maioria dos problemas econômicos e sociais decorre da intervenção do Estado na economia ao pretender regulamentar preços, salários, trocas comerciais etc. O correto seria deixar que os mecanismos econômicos "naturais" funcionassem. A economia tenderia a se organizar por si mesma, para o bem de todos. O único papel reservado ao Estado seria o de proteger a propriedade privada e a liberdade dos cidadãos.
Uma das obras básicas do liberalismo é A riqueza das nações, de Adam Smith (1723-1790), publicada em 1774, que analisa, por exemplo, as oscilações dos preços. O preço de mercado de um produto depende da lei da oferta e da procura. Se um produto é abundante e a oferta é maior que a procura, seu preço de mercado tende a cair. Por sua vez, se um produto é escasso, cuja oferta é menor que a procura, seu preço de mercado tende a subir. Assim, o preço de mercado tende sempre a se aproximar do preço "natural". Os salários dos trabalhadores também estão submetidos a esse regime "natural". Existiria, portanto, o que se chamava a "mão invisível" do mercado, que se encarregaria de equilibrar as disparidades sem a intervenção do Estado que, diga-se de passagem, apenas atrapalharia tal equilíbrio natural. [..]
CARMO. Paulo Sérgio do. O trabalho na economia global.
São Paulo: Moderna. 1998. p. 32-3. (Polêmica).
a) De acordo com os princípios liberais, qual seria a principal origem dos problemas econômicos e sociais? Qual a solução que eles apresentam para esses problemas?
b) Como funciona a lei da oferta e da procura, explicitada na obra de Adam Smith?
c) Segundo Smith, qual é a relação do Estado com o chamado "equilíbrio natural" dos preços e salários?

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Texto complementar: A guerra da Independência


             Em algumas partes do país forças portuguesas tentaram resistir à Independência e só foram vencidas após duras lutas. Os maiores focos de resistência do poder português estavam instalados na Bahia e no Pará. Contra eles desencadeou-se um combate de forças populares locais, que, mais tarde, foram ajudadas por tropas e navios vindos do Rio de janeiro.
         Os baianos, liderados por figuras como guerrilheira Maria Quitéria, mantiveram encurraladas as tropas do general Madeira Melo, definitivamente vencidas com a chegada de forças auxiliares comandadas pelo francês Labatut. A guerra de Independência na Bahia começou em fevereiro de 1822, atingiu o auge em novembro daquele ano com a Batalha de Pirajá e terminou no dia 2 de julho de 1823. Com a derrota dos portugueses, estabeleceu-se na província um governo fiel ao imperador, sem qualquer participação das classes populares.
         No Pará, ocorreu um processo semelhante, que terminou em tragédia. As classes populares derrotaram o domínio português com a ajuda de forças navais, mandadas pelo Rio de Janeiro e comandadas pelo inglês Grenfell. Implanto o novo governo provincial, fiel a dom Pedro, mas extremamente impopular, os paraenses novamente se rebelaram, sendo duramente reprimidos. Grenfell encarcerou trezentos patriotas no porão de um navio e mandou atirar sobre eles, através das escotilhas, grande quantidade de cal virgem. Quase todos morreram.
                                               Edgar Luiz de Barros. Independência. 2ª Ed. São Paulo, Ática, 1987.

Questões sobre o texto:
1] O que fizeram as forças portuguesas de algumas partes do país diante do movimento pela Independência do Brasil?
2] Quem lutou contras essas forças portuguesas?
3] O que aconteceu a muitos patriotas paraenses que haviam lutado contra os portugueses, depois de instalado um governo fiel a dom Pedro?