“Quando
uma criança nascia, o pai não tinha o direito de cria-la: devia leva-la [...]
[aos] anciões da tribo. Eles examinam o
bebê. Se o achavam bem encorpado e robusto, eles o deixavam. Se era mal nascido
e defeituoso, jogavam-no no que se chamava Apotetos, um abismo ao pé do
Taigeto, julgavam que era melhor, para ele mesmo e para a cidade, não deixar
viver um entre que, desde o nascimento, não estava destinado a ser forte e
saudável. [...]
Ninguém
tinha permissão para criar e educar o filho a seu gosto. Quando os meninos
completavam sete anos, ele próprio [Licurgo] os tomava sob sua direção,
arregimentava-os em tropas, submetia-os a um regulamento e a um regime
comunitário para acostumá-los a brincar e trabalhar juntos. Na chefia, a tropa
punha aquele cuja inteligência sobressaia e que se batia com mais arrojo. Este
era seguido [...] e punia sem contestação. Assim sendo, a educação era um
aprendizado da obediência.
Os
anciões vigiavam os jogos das crianças. Não perdiam uma ocasião para suscitar
entre eles brigas e rivalidades. [...] Ensinavam a ler e escrever apenas o
estritamente necessário. O resto da educação visava acostumá-los à obediência,
torná-los duros à adversidade e fazê-los vencer no combate. Do mesmo modo,
quando cresciam, eles recebiam um treinamento mais severo: raspavam a cabeça,
andavam descalços, brincavam nus a maior parte do tempo. [...] Quando completavam
doze anos, não usavam mais camisa. Só recebiam um agasalho por ano.
Negligenciavam o asseio, não conheciam banhos [...], a não ser em raros dias do
ano.
[O
chefe da tropa] manda os mais fortes trazerem lenha e, os menores, legumes.
Para tanto, eles devem roubar. Uns penetram nos jardins, outros nos alojamentos
dos homens, e devem usar muita destreza e precaução [...]. Aquele que for
apanhado está sujeito a chicotadas e jejum. Com efeito, sua alimentação é
escassa. Obrigam-nos a defenderem-se por si mesmos contra as restrições e
recorrer à audácia e à destreza...”
PLUTARCO. A vida
de Licurgo. In: PINSKY, Jaime. 100 textos
de história antiga. São Paulo: Contexto, 2009. p. 108-110.
Responda:
1) Qual era o principal
objetivo da educação dos meninos espartanos?
2) Em Esparta, segundo
Plutarco, os pais não tinham permissão para educar os filhos. Sabendo qual era
o objetivo da educação dos meninos em Esparta, explique por que os anciões da
tribo tomavam essa decisão.
3) Por que os anciões de
Esparta costumavam provocar brigas e rivalidades entre os meninos?
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