terça-feira, 28 de abril de 2020

Texto complementar: A educação espartana



         “Quando uma criança nascia, o pai não tinha o direito de cria-la: devia leva-la [...] [aos] anciões da tribo.  Eles examinam o bebê. Se o achavam bem encorpado e robusto, eles o deixavam. Se era mal nascido e defeituoso, jogavam-no no que se chamava Apotetos, um abismo ao pé do Taigeto, julgavam que era melhor, para ele mesmo e para a cidade, não deixar viver um entre que, desde o nascimento, não estava destinado a ser forte e saudável. [...]
         Ninguém tinha permissão para criar e educar o filho a seu gosto. Quando os meninos completavam sete anos, ele próprio [Licurgo] os tomava sob sua direção, arregimentava-os em tropas, submetia-os a um regulamento e a um regime comunitário para acostumá-los a brincar e trabalhar juntos. Na chefia, a tropa punha aquele cuja inteligência sobressaia e que se batia com mais arrojo. Este era seguido [...] e punia sem contestação. Assim sendo, a educação era um aprendizado da obediência. 
         Os anciões vigiavam os jogos das crianças. Não perdiam uma ocasião para suscitar entre eles brigas e rivalidades. [...] Ensinavam a ler e escrever apenas o estritamente necessário. O resto da educação visava acostumá-los à obediência, torná-los duros à adversidade e fazê-los vencer no combate. Do mesmo modo, quando cresciam, eles recebiam um treinamento mais severo: raspavam a cabeça, andavam descalços, brincavam nus a maior parte do tempo. [...] Quando completavam doze anos, não usavam mais camisa. Só recebiam um agasalho por ano. Negligenciavam o asseio, não conheciam banhos [...], a não ser em raros dias do ano.
         [O chefe da tropa] manda os mais fortes trazerem lenha e, os menores, legumes. Para tanto, eles devem roubar. Uns penetram nos jardins, outros nos alojamentos dos homens, e devem usar muita destreza e precaução [...]. Aquele que for apanhado está sujeito a chicotadas e jejum. Com efeito, sua alimentação é escassa. Obrigam-nos a defenderem-se por si mesmos contra as restrições e recorrer   à audácia e à destreza...”
PLUTARCO. A vida de Licurgo. In: PINSKY, Jaime. 100 textos de história antiga. São Paulo: Contexto, 2009. p. 108-110.

Responda:
1) Qual era o principal objetivo da educação dos meninos espartanos? 
2) Em Esparta, segundo Plutarco, os pais não tinham permissão para educar os filhos. Sabendo qual era o objetivo da educação dos meninos em Esparta, explique por que os anciões da tribo tomavam essa decisão.
3) Por que os anciões de Esparta costumavam provocar brigas e rivalidades entre os meninos? 

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